O sistema de saúde ideal para Rio Branco

A portaria nº 1.631 de 2015 do Ministério da Saúde (MS) preconiza como parâmetro ideal de atenção à saúde da população uma quantidade de 50 médicos, que exerçam 40 horas semanais, para cada 100 mil habitantes.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a Prefeitura de Rio Branco tem 132 médicos, sendo que aproximadamente 40% são fornecidos pelo Programa Mais Médico, ou seja, não são efetivos. Assim, nosso município está deficitário em quase 35%, pois seriam necessários aproximadamente 200 médicos, segundo parâmetros do próprio MS.

Infelizmente, a disseminação do novo coronavírus por aqui evidenciou ainda mais que a saúde pública do município de Rio Branco precisa melhorar muito.

Nos primeiros dois meses da pandemia, a Prefeitura fechou a atenção primária e os pacientes ficaram sem os atendimentos. Imaginem como ficaram os diabéticos e hipertensos que já são cadastros e acompanhados pelos médicos do município. Eles se aglomeraram nas Upas e no Pronto Socorro atrás da medicação e de consultas. Infelizmente, perdemos vidas assim. Vi isso tudo com muita tristeza.

É possível fazer diferente. Eu entendo que a população já está cansada da falta de atendimento e de tantas promessas, mas o gestor municipal pode fortalecer a atenção primária. É possível disponibilizar o transporte sanitário aos pacientes que são orientados a fazer fisioterapia, mas não têm como chegar na unidade para fazer o tratamento. É possível fortalecer o programa “Melhor em casa” e acompanhar com frequência os pacientes que requerem uma atenção maior.

Acreditem, é possível termos o Sistema de saúde municipal mais organizado. Nos bairros têm um centro ou um posto de saúde. É lá que o cidadão deverá ter o seu cadastro, ter a sua medicação básica, ter o direito a um médico da família que cuide do paciente como um todo. Após a alta da maternidade, quando a criança nascer, a mãe já sai com sua consulta agendada (puericultura) acompanhado no seu primeiro ano de vida com o pediatra.

As grávidas que fazem o pré-natal de baixo risco têm o direito de escolher a maternidade onde seu filho vai nascer. Um bom gestor não pode aceitar que o usuário fique peregrinando de unidade em unidade atrás de um exame que é ofertado na Fundhacre, ou uma consulta com um especialista, que é atribuição da alta complexidade (Estado). Tudo isso pode funcionar com um sistema de regulação. Um sistema que dê resposta ao usuário. Não é dizer que vai marcar o exame e deixar o usuário esperando um telefonema do agendamento que nunca chega na residência do usuário.

O SUS é tripartite. Ou seja, tem as competências do Município, do Estado e do Governo Federal. Os entes federativos trabalham com níveis assistenciais diferentes. No município é possível, por exemplo, garantir às grávidas suas ultrassonografias exigidas no pré-natal. É possível cuidar do usuário na sua unidade de saúde do seu próprio bairro. Se não for feito assim, o cidadão recorrerá frequentemente aos prontos atendimentos. É possível melhorar a oferta de serviço para a população.

Sim, é possível termos um sistema de saúde muito melhor para Rio Branco.